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| Foto: Zi Reis |
UMA BIXA E SUA DIVINA AMBIÇÃO
"Uma bicha acertada na cara por um chute de voadora. Uma multidão de bichas malabaristas.
Uma bicha palhaça. Uma bicha criança que faz pirraça em frente da televisão.
Uma bicha que é o cão chupando manga. Uma bicha que acabou de transar.
Uma bicha para chamar de sua. Uma bicha suja de sorvete. Uma bicha pedindo carona.
Uma bicha fumando um cigarro. Uma bicha tentando contato com outra bicha de outro planeta.
Uma bicha sem posses. Uma bicha sem pau. Uma bicha do caralho. Uma bicha com ovário.
Uma bicha atravessando a rua e sendo alvo de zombaria. Uma bicha faca na botinha.
Uma bicha poderosa mesmo. Uma bicha que fecha. Uma bicha lacrativa.Uma bicha índio. Uma bicha que é bixa. Uma bicha que é bee. Uma bicha travesti.
(Caio Riscado. 2019).
domingo, 23 de agosto de 2015
AdivinhaaDiva em Pílula Radioativa
Pílula radioativa, 11 de julho de 2015. Participei com a AdivinhaaDiva neste espetáculo performático do Grupo Virundangas, do qual sou integrante desde 2007, realizado na Gruta – Casa de Passagem, Belo Horizonte/MG, durante o evento Noite Negra Obscena. Tratou-se de números radiofônicos, audiovisuais, cênicos e dançantes, de curta duração, apresentados em pequenas doses ao longo da noite, entre shows e discotecagens na Gruta. Produzi para o espetáculo um quadro, Pelo amor de Deus, uma sátira diante do radicalismo religioso, onde deixava passar em meu corpo as sensações de um texto ambíguo, previamente gravado pela atriz Lissandra Guimarães, que tratava do êxtase de uma fiel após encontrar Deus em sua vida.
Para este trabalho do Virundangas, usei um vestido preto curto, uma echarpe vermelha e um tule preto apertando meu rosto, deformando-o. Um exercício da apoteose, da exuberância, da beatitude, da profanidade, do sagrado. Um rito dos estados sensíveis, do fascínio, da atração, da possessão, da festa. Sensações vertiginosas brotavam em minha pele, intervinham sobre as interdições religiosas que violam as potências do corpo. Perturbações divinas deportavam-me da intencionalidade para a pura intensidade. Efervescências tempestuosas, frenesi e alegria do ultraje.
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